segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Deserto











































O pó, a poeira...

A nostalgia na fogueira
a vida, perdida, varrida,
no caminho esvoaçando
à beira duma palmeira
a solidão gritando
agressiva, arquejando
e o sonho batendo forte
embrenhado na ramagem
solto ao vento pela aragem
na sombra duma ombreira

feito pó, feito poeira...











As  eternas areias do deserto

Finas, lívidas, amontoadas
de cores nuas, claras, desmaidas
nelas se movem sombras atordoadas
numa balada de silêncio insondável
onde se cruzam no rasto dos caminhos
o passado, o presente, o futuro,
embrenhadas no rolar da fúria das tempestades
pelo portentoso rodopiar dos ventos
soprando com quanta força pode a natureza
correndo um desafio tortuoso
desmembrando sonhos numa tola e vã certeza
       e o céu não chora
       não chora nunca...
um rosto pálido, transfigurado
espírito débil, enfraquecido
envolto em cega luz, jaz, perdido
onde vibram miragens loucas
que turvam a fonte da fantasia
transpirando tudo o que é poeira
sempre sob o sol do meio-dia,
e resistem ao tempo
aos ventos flutuantes
às correntes variantes
que avançam sem parar
sem poderem descansar
carregando o peso de toda a sua eternidade
    e o céu, por mais que morra de vontade
       não chora
         não chora nunca...
                                    mas são belas
                                    belas e eternas
                                             as eternas areias do deserto.










Uma estrela caíu
Olhei-a
Ela sorriu
  e roupas leves, transparentes, despiu

Eu corri
ela correu
  a distância que o tempo não venceu

Eu brinquei
ela brincou
  fantasias que nunca dispensou

E cansada se sentou
me pedindo que dançasse
e meus desejos lhe segredasse,
ela os faria brilhar
antes do meu despertar

E ao som da brisa a passar
do vento ao longe a cantar
nas águas quentes do mar,
envolvida na luz do luar,
pelo tempo dentro eu entrei
procurando
e nunca mais eu parei
sonhando
dançando
sonhando












A dança da lua


Eu     sou dona da lua
                      à noite,
ela espreita pela janela
         balança-se,
e eu danço com ela.

Falo-lhe baixinho e com ternura
dos muitos sonhos que o vento me leva
presos nas nuvens que passam correndo
dispersos numa constante procura

da noite que se banha ao luar
da saudade que se passeia pelo tempo
da liberdade que anda à solta a vadiar
e que ninguém consegue fazer parar.

Eu     sou dona da lua
                      à noite,
ela vem ver-me à janela
                                   encosta-se        e eu adormeço com ela.

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